A definição de fratura exposta é quando existe uma fratura que se comunica com o ambiente externo, na prática é quando existe um trauma que resulta em uma fratura óssea acompanhada por um corte profundo. Popularmente muitos chamam fraturas expostas quando se trata de uma fratura grave, porém são conceitos diferentes.
Devido a possibilidade de infecção, as fraturas expostas são consideradas uma emergência médica pois requerem a limpeza cirúrgica mais a estabilização dos fragmentos.
Nesse artigo vamos abordar as fraturas expostas de fêmur e tíbia, trazendo também a minha experiência de trabalhar por mais de 10 anos no Hospital Estadual Mario Covas, referência de acidentes complexos no estado de São Paulo, recebendo diversos acidentes das estradas e mesmo resgates pelo helicóptero “águia”.
Causas Comuns
As causas mais comuns de fraturas expostas incluem traumas de alta energia, como acidentes de trânsito (especialmente motocicletas), quedas de grandes alturas, ferimentos por armas de fogo e ferimentos esportivos. A força do impacto necessário para causar uma fratura exposta muitas vezes resulta em danos consideráveis aos tecidos moles ao redor do osso.
Fratura Exposta de Fêmur
O que é e Como Acontece?
O fêmur é o osso mais longo e forte do corpo, localizado na coxa. Devido ao fato do fêmur ser envolvido com grandes músculos a fratura exposta de fêmur só é possível quando há um trauma de elevada energia, a grande maioria dos pacientes são motoqueiros.
Além disso existe um sangramento muito importante, tanto por parte do osso quanto do próprio ferimento cortante. Devido musculatura volumosa que envolve o fêmur, o potencial de sangramento também é alto.
Sintomas
Os sintomas de uma fratura exposta de fêmur incluem dor intensa, incapacidade de mover a perna, deformidades visíveis, e evidente sangramento pois há comunicação entre o osso e o ambiente. Esse tipo de trauma quase sempre está relacionado a outras fraturas, traumatismo craniano e/ou lesões vasculares graves.
Classificação das fraturas expostas (existem várias – essa está relacionada a lesão de partes moles associadas).
- grau 1 – fratura + lesão da pele puntiforme (menor que 1 cm)
- grau 2 – fratura + lesão da pela entre 1-10 cm de extensão, já são lesões com maior potencial de infecção.
- grau 3 – fratura + lesões acima de 10 cm, na grande maioria das vezes associam-se com fraturas altamente graves e complexas. Pode ainda estar relacionada a lesões de importantes artérias que vão necessitar de reparo cirúrgico, desluvamentos (quando mesmo na cirúrgia não conseguimos fechar o ferimento e fica estruturas expostas, como músculos). O índice de infecção já aumenta bastante, além de por vezes necessitar de múltiplas cirurgias para reconstrução óssea, desbravamento dos tecidos desvitalizamos ou infectados.
Tratamento da fratura exposta no fêmur
O tratamento de uma fratura exposta de fêmur é considerado uma urgência ortopédica e deve ser realizado o quanto antes, envolve várias etapas críticas:
1. Estabilização Inicial: Controle da hemorragia e estabilização da vítima.
2. Desbridamento Cirúrgico: Remoção de tecidos mortos, corpos estranhos que possam ter entrado na ferida (mato, asfalto, projétil) e limpeza exaustiva da ferida para prevenir infecções.
3. Fixação: Fixação do osso, que pode envolver o uso de hastes intramedulares, placas ou fixadores externos.
4. Antibioticoterapia: Administração de antibióticos para prevenir infecções.
5. Reabilitação: dependo da gravidade pode levar poucas semanas até anos, frequentemente deixando sequelas.
Fratura Exposta de Tíbia
O que é e Como Acontece?
A tíbia, ou osso da perna, é o segundo maior osso do corpo. Fraturas expostas de tíbia são mais comuns que fraturas expostas do fêmur já que não tem uma musculatura tão robusta em volta. As principais causas são acidentes de trânsito, queda de altura e esportes de contato.
Sintomas
Os sintomas incluem dor intensa na perna (canela), incapacidade de suportar peso, observação do osso através da ferida, e inchaço significativo. Tal como nas fraturas de fêmur, é considerada uma urgência.
Fratura exposta tratamento e classificação – ossos da perna
São semelhantes ao do fêmur, veja acima.
Como as fraturas da tíbia ocorrem frequentemente perto da superfície da pele, são altamente suscetíveis a infecções, exigindo um monitoramento cuidadoso.
Prevenção de Fraturas Expostas
A prevenção é fundamental para reduzir a incidência de fraturas expostas. Aqui estão algumas dicas:
1. Uso de Equipamentos de Proteção: protetores dos membros inferiores na moto, capacetes, joelheiras, caneleiras e outras proteções durante esportes.
2. Respeitar o trânsito: infelizmente o tempo todo nos deparamos com motoqueiros na contramão, subindo em calçadas, realizado manobras completamente imprudentes, acima da velocidade e sob influência da álcool; dessa forma são a grande maioria dos pacientes da enfermeira ortopédica. Obviamente também existe imprudência de motoristas de carros, ônibus e caminhões.
3. Ambientes Seguros: Modificar ambientes domésticos e de trabalho para reduzir riscos de quedas e acidentes.
Palavras Finais
Fraturas expostas são lesões e urgências ortopédicas graves que requerem atendimento médico imediato e especializado, normalmente por equipe multidisciplinar. Fraturas expostas de fêmur e tíbia são especialmente preocupantes devido à complexidade do tratamento e ao potencial de complicações: trombose, infecção, lesão importante das partes moles (músculos, ligamentos, nervos, vasos sanguíneos). A prevenção é a melhor opção, com ênfase na segurança pessoal e no uso de equipamentos adequados.
A recuperação de uma fratura exposta é um processo longo que demanda paciência e dedicação tanto do paciente quanto da equipe médica. Visitas regulares ao ortopedista, acompanhamento rigoroso do plano de tratamento e um regime de fisioterapia bem estruturado são essenciais para um bom prognóstico.
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Referências bibliográficas